IESE Business School, da Espanha, publica anualmente um ranking que avalia como as cidades se colocam no processo de transformação em smart cities.
Definir o que é uma cidade inteligente (ou smart city) não é das tarefas mais fáceis. Não há apenas um critério para avaliar os municípios, já que o conceito fala na multiplicidade de características. A economia pode ser forte, mas é preciso também distribuir riqueza de forma minimamente justa. Não basta gerar emprego e renda se a poluição ameaça a saúde da população. Dar acesso à tecnologia não é suficiente se os problemas de mobilidade não estão resolvidos.
Para auxiliar no entendimento desses conceitos, o IESE Business School, da Espanha, criou o Cities Motion Index. O ranking leva em conta 10 critérios para listar as cidades de acordo com seu nível de inteligência. No último relatório, publicado neste ano, Nova York foi a campeã mundial, seguida de Londres e Paris. Entre as cidades brasileiras, São Paulo é a melhor colocada, em 116º. Veja abaixo quais são os critérios e quais cidades se destacam em cada um deles.
1) Capital humano
Atrair e reter talentos em diferentes áreas deve ser um dos objetivos de uma cidade inteligente. Há um consenso internacional de que o acesso à cultura e o nível de educação são parâmetros importantes para medir o capital humano. Por isso, indicadores como o percentual da população com educação secundária ou superior, número de universidades, escolas, museus e galerias de arte, além dos gastos com lazer da população, são levados em conta. No ranking, a cidade campeã de capital humano é Londres.
2) Coesão social
O ranking considera como coesão social o grau de coexistência entre grupos de pessoas com diferentes rendas, culturas, idades e profissões. Faz-se uma avaliação de fatores como imigração, desenvolvimento das comunidades, cuidados com o idoso, eficiência do sistema de saúde, inclusão pública e segurança. Indicadores como criminalidade, saúde, taxas de desemprego e distribuição de renda, entre outros, são levados em conta. Quem leva a melhor é Helsinki, capital da Finlândia. O curioso é que esse é o calcanhar de Aquiles de Nova York: a megalópole americana está na 109ª posição em coesão social.
3) Economia
Aqui avalia-se tudo que possa promover o desenvolvimento econômico do território, como planos locais para a indústria, inovação e iniciativas empreendedoras. Os indicadores para o cálculo do ranking incluem o PIB da cidade, a produtividade e o tempo necessário para iniciar um negócio, entre outros. Os americanos se destacam nessa categoria: Nova York lidera, e outras cinco cidades dos Estados Unidos estão entre as 10 melhores (Los Angeles, San Francisco, Houston, Dallas e Chicago).
4) Governança
Nesse critério, o ranking leva em conta a eficiência, qualidade e estabilidade das intervenções estatais. As reservas econômicas das cidades, certificações que comprovem a qualidade de seus serviços e a percepção de corrupção estão entre os indicadores no cálculo do índice. A cidade campeã de governança é Berna, capital da Suíça. Os europeus, aliás, são donos dos melhores indicadores nesse quesito: outras cinco cidades do continente estão no top 10 (Genebra, Londres, Helsinki e Zurique).
5) Meio ambiente
Crescer de forma sustentável é a principal preocupação de quem se destaca nessa categoria. A ONU definiu essa questão quando afirmou que ela se refere ao “desenvolvimento que supre as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações suprirem suas necessidades”. Índices de poluição e de emissão de gás carbônico e metano, além do acesso à água potável da população, estão entre os indicadores levados em conta. Reykjavik, capital da Islândia que ocupa a 5ª colocação no ranking geral, é a campeã em meio ambiente.
6) Mobilidade e transporte
A IESE Business School elenca dois desafios principais nesse quesito: facilitar a movimentação nas cidades e ampliar o acesso aos serviços públicos. A cobertura dos sistemas de metrô, sistemas de compartilhamento de bicicletas, tempo médio de deslocamento para o trabalho e índices de tráfego são os principais indicadores. Paris está no topo em mobilidade, seguida por Londres, Seul, Nova York e Shanghai.
7) Planejamento urbano
Sustentabilidade é a palavra-chave para definir o critério de planejamento urbano. Indicadores como o percentual da população com acesso ao saneamento básico, número de pessoas por moradia e número de edifícios construídos na cidade são considerados aqui. Nova York, a campeã geral do ranking, também lidera essa categoria. Toronto, Paris, Vancouver e Chicago vêm logo atrás.
8) Conexões internacionais
O impacto global de uma cidade é medido por esse quesito. Sua marca e reconhecimento internacional por meio de planos estratégicos de turismo, além da capacidade de atrair investimentos estrangeiros, são aspectos decisivos. Alguns dos indicadores usados no levantamento são o número de aeroportos, hotéis e conferências e congressos sediados na cidade. Nesse critério, destaca-se Paris como líder internacional. É nas conexões internacionais que São Paulo tem seu melhor desempenho, ocupando 28º lugar.
9) Tecnologia
No relatório do Cities Motion Index, o acesso à tecnologia é tratado como um aspecto decisivo para melhorar a qualidade de vida da população. Os principais indicadores são o percentual de lares com acesso à internet, à banda larga e à telefonia móvel, além da pontuação da cidade no Innovation Cities Program, que mede o nível de inovação da cidade. Os asiáticos se destacam nessa categoria, com Hong Kong como a primeira colocada e outras quatro no top 10 (Singapura, Dubai, Abu Dhabi e Seul).