Quanto o país pode crescer sem se desequilibrar?
segunda, 17 de setembro de 2012
Escrito por ACEU |
Seg, 17 de Setembro de 2012 13:14 |
Toda vez que o país beirou um PIB de 5%, os alarmes se acenderam sobre a sustentabilidade desse crescimento. A discussão sobre o chamado PIB potencial sempre gerou discordâncias e questionamentos. Até porque os próprios economistas assumem que é muito difícil acertar em cheio qual o limite da nossa capacidade de crescer sem gerar inflação e demais desequilíbrios econômicos. Até pouco tempo atrás, havia um certo consenso de que o limite era entre 4,5% e 5%. Agora temos um ambiente totalmente novo, com taxa de juros em 7,5% ao ano e baixíssimo crescimento internacional. Nesse cenário, quanto podemos crescer sem cutucar a inflação com vara curta? O G1 fez essa pergunta a três economistas. O professor Aloisio Araújo, da Fundação Getúlio Vargas, considera a educação e a força de trabalho variáveis importantes para analisar o PIB potencial brasileiro. “A escolarização tem aumentado, com qualidade constante, mesmo que seja ruim. Na média, a força de trabalho também está aumentando, não devendo variar nos próximos 3, 4 anos. A escolaridade média é maior de quem entra que de quem sai do mercado. Nossa produtividade ainda está longe da fronteira. O que está mais ao alcance, por exemplo, é o investimento. O PAC das Concessões anunciado há pouco é uma saída, porque fazer tudo dentro do governo não dá certo”, diz. “Acho nosso PIB subestimado. Concordo que o ritmo de reformas no Brasil é mais lento, mas tem ocorrido. A presidente Dilma parece aberta a isso. Nos dias de hoje, crescer perto de 4% está bom. Olhar isso depois de 5, 6 anos, nós nos aproximaremos muito mais da renda per capital da Europa. Está ao alcance, sem esperar uma revolução”, avalia o professor Araújo. O economista Alexandre Schwartsman está exatamente preocupado com a força de trabalho, e aponta o alto nível de emprego atual como principal gargalo para que possamos crescer acima de 3,5% nos futuro próximo. “Os obstáculos à expansão do PIB, que no passado eram mais ligados à infraestrutura, hoje está claro que o problema está no mercado de trabalho. Não temos formado gente para atender a demanda de crescimento. Hoje, nosso PIB potencial está alguma coisa mais para casa dos 3% ou um pouco mais. Parece que o país não consegue crescer 4% ou mais com os atuais níveis de investimento e emprego sem gerar inflação ou desequilíbrio no balanço de pagamentos”, afirma. “Agora que estamos com casa mais arrumada, sem os problemas agudos que tivemos nos anos 90 e início dos 2000, sabemos que podemos pouco. Reverter isso não vai ser fácil. A maior possibilidade será aumentar o investimento, com mais produtividade, obter mais com mesmo estoque de trabalho”, diz Schwartsman. Finalmente, o economista Braulio Borges da LCA Consultores afirma que sim, o PIB potencial caiu de cinco anos para cá, estando pouco abaixo de 5%, segundo seus cálculos. Mas, na sua opinião, não estamos longe de recuperar um ritmo mais acelerado do que o atual. “O PIB potencial é tão volátil quanto o próprio PIB. Ele é um navio, se mexe vagarosamente. Nós vamos dar um passo para trás para dar dois para frente. A vantagem dessa desaceleração prolongada de hoje é que o governo se mexeu para estimular mais o investimento do que o consumo. Isso significa mais chances de um crescimento sustentável. Toda retomada baseada no consumo, como foi em 2010, é voo de galinha”, disse. “Para 2013, estou revendo nossa projeção para um PIB mais perto 4,5%. Vamos ver os efeitos de muitos estímulos pró-investimento e pró-competitividade feitos pelo governo que ainda não mostraram as caras”, avalia Borges, da LCA Consultores. Fonte: G1 - Thais Herédia |
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