O brasileiro está aprendendo a lidar com o crédito
sexta, 27 de abril de 2012
Escrito por ACEU |
Sex, 27 de Abril de 2012 08:24 |
O operador de máquinas Rubinaldo Pereira está assim há três anos. Começou com uma fatura alta demais no cartão de crédito. “Às vezes, a gente faz uma conta, compra uma roupa, faz um negócio e não vai pagar no dinheiro, vai pagar depois. Aí chega no dia, você não tem o dinheiro e fica sem pagar”, revela. Rubinaldo pegou um empréstimo quitou o cartão, mas tinha os outros. Ele conta que tem meia dúzia de cartões e que comprava com todos. Ele deve R$ 10 mil e ganha, líquido, R$ 700. Aproveitou um mutirão de renegociação que começou nesta quarta-feira, em São Paulo, para tentar limpar o nome e dividiu a sala de espera com muita gente em situação parecida. Uma pesquisa feita no mês passado pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) fez um retrato dos devedores e de suas dívidas. A maioria é jovem: 60% deles têm até 40 anos. Os homens devem mais do que as mulheres. As contas em atraso mais comuns são as do cartão de crédito, cheques sem fundo e carnês. E o mais comum é ter mais de uma dívida. As compras que mais frequentemente criam problemas de pagamento são as de eletrodomésticos, móveis, roupas e calçados. E os atrasos começam quando alguém na família perde o emprego, por descontrole nos gastos e pelo péssimo hábito de emprestar o nome para outra pessoa fazer compras. Os números do SCPC também trazem uma boa notícia. No ano passado, o acesso ao crédito aumentou, e a inadimplência aumentou muito mais. Mas, esse ano, a situação se inverteu. A inadimplência continua a crescer, mas em um ritmo muito menor do que o do crédito. O que significa que o brasileiro está aprendendo a lição. “Eles estão começando a ter mais prática com o uso do crédito”, afirma Fernando Cosenza, diretor do SCPC. Além de planejar bem o gasto, para não perder o controle, o diretor do SCPC dá outra dica: fazer uma poupança. “O descontrole das contas começa quando uma emergência, uma eventualidade acontece. Se a família não tem uma poupança e já está trabalhando no limite, não tem outro jeito a não ser deixar de pagar uma conta para poder pagar essa emergência. Uma pequena poupança resolve a maior parte dos casos”, destaca Fernando Cosenza. Para quem já está com problema, a melhor saída é renegociar a dívida. A empregada doméstica Maria Conceição Silva Santos deve R$ 2 mil a dois bancos, mas já está mais tranquila. Já conversou com os gerentes e vai conseguir limpar o nome. Ela afirma que aprendeu a lição: “Quando estiver tudo pago, não vou fazer mais divida”. |
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