Gasolina fica 10% mais barata, e carne cai 6% na pandemia de coronavírus
quarta, 06 de maio de 2020
Nem todos os preços têm subido em meio à epidemia da covid-19 no Brasil. Diferentemente da cesta básica, alguns produtos têm passado por uma queda nos preços desde meados de março, quando a maioria dos estados começou a adotar regime de quarentena. Impulsionado pela epidemia, os motivos são os mais variados: o fechamento de restaurantes impacta no valor das carnes nobres; o mercado internacional, no preço da gasolina; a queda na demanda, nos laticínios; e a preocupação com o desemprego, nos bens duráveis. Veja os produtos que caíram de preço no último mês e por quê.
O preço da gasolina na refinaria já caiu mais de 50% desde o início do ano. Impactada pelo mercado internacional —que, por sua vez, foi impactado pela pandemia— a Petrobras já fez dez cortes no valor só em 2020. A queda é reflexo do mercado internacional, que, em meio à diminuição de demanda no mundo inteiro e uma guerra comercial entre Arábia Saudita e Rússia no primeiro trimestre, viu o preço do barril despencar. Na bomba, no entanto, a queda foi bem menor. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), neste mesmo período, o preço médio de revenda no Brasil caiu pouco mais de 10% .
O segmento de frutas, legumes e verduras foram "os grandes campeões de deflação" em março, com as cinco maiores quedas de preço em relação ao mês anterior, de acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados) Gustavo Melo, presidente da Abracen (Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento), afirma que a queda no segmento não é reflexo do aumento do preço dos produtos no começo da epidemia. "Alguns produtores puxaram os preços de algumas frutas e verduras para cima. Agora, os valores estão abaixo do que estava sendo praticado no começo, mas, em termos de valor histórico, continua o mesmo", explicou o presidente da Abracen por meio de porta-voz. Esta estabilização aconteceu também com outros produtos. "[No começo da epidemia,] o consumidor antecipou as compras e abasteceu o estoque. Frutas, proteína animal e outros produtos tiveram pico [no meio de março] e, desde então, vêm O leite, por exemplo, deu um pico de 30%, já recuou 15% e a tendência é reduzir ainda mais. O mercado é muito elástico, funciona pela oferta e demanda", explica Ronaldo dos Santos, presidente da Apas.
Peças de carne bovina, suína e frango também tiveram queda desde o início da epidemia. Uma das causas foi o fechamento de churrascarias e restaurantes. Outro ponto é a redução de consumo por queda no poder aquisitivo ou por receio de isso acontecer Para Fernando Henrique Iglesias, consultor especialista em proteína animal da consultoria Safras & Mercado, apesar de a carne bovina já vir de uma queda desde o início do ano, após o pico atingido pela exportação para a China, a queda é reflexo direto da quarentena e da instabilidade econômica. "Churrascarias e restaurante representam uma parcela significativa desse mercado, e não estão funcionando de maneira plena. Isso mexe com a demanda, em especial por cortes nobres. Além disso, querendo ou não, há encolhimento de renda, a incerteza do consumidor é maior. Neste cenário, ele opta ou por não comprar proteína animal ou por uma opção mais barata", afirma Iglesias.
FONTE: Lucas Borges Teixeira Colaboração para o UOL, em São Paulo 06/05/2020 04h00 SAIBA MAIS EM: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/06/precos-baratos-crise-coronavirus.htmGaleria de Fotos